Um dos adolescentes envolvidos no crime |
O juiz da comarca de Castelo do Piauí (PI),
Leonardo Brasileiro, condenou, na noite de quinta-feira, à pena máxima de três
anos de internação, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA),
os quatro adolescentes, de 15 a 17 anos, que praticaram estupro contra quatro
jovens de 15 a 17 anos de idade. O crime ocorreu no dia 27 de maio em Castelo
do Piauí. O assaltante Adão José Gomes, de 40 anos, também é acusado pelo
crime, mas ainda não foi julgado, porque seu processo tramita na Justiça separadamente.
Uma das vítimas, Danielly Rodrigues, de 17 anos, morreu no hospital.
As adolescentes foram encontradas com rostos e
partes dos corpos dilacerados por pancadas de pedras. Após serem violentadas e
apedrejadas, elas foram empurradas de uma altura de cerca de sete metros no
Morro do Garrote, na zona rural da cidade. Elas foram ao local com vista
panorâmica da cidade para tirar fotos e postar nas redes sociais.
Os jovens vão cumprir os três anos de internação
como medida socioeducativa, por atos infracionais correlatos aos crimes de
homicídio, tentativa de homicídio e estupro. Os quatro adolescentes
foram transferidos para o Centro Educacional Masculino (CEM), em Teresina.
Na sentença, o juiz reconheceu a participação de cada um dos menores na
prática de pelo menos oito atos infracionais e determinou que a cada seis meses
eles sejam avaliados por psicólogos.
O promotor de Justiça de Castelo do Piauí, Cesário
Cavalcante, disse que a decisão do juiz Leonardo Brasileiro não significa que
após os três anos eles serão colocados em liberdade.
- Como o caso teve uma comoção e revolta muito
grande em todo o Brasil, pode ser que quando acabar os três anos ocorra a
possibilidade de prosseguimento da internação após avaliação do Judiciário, do
Ministério Público e também da defesa dos menores - ressaltou.
Para a mãe de D.N.S.R., de 17 anos, que sofreu
traumatismo craniano e ficou na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital
de Urgência de Teresina (HUT), a pena é pequena.
- A decisão foi rápida, e eles têm que pagar pelo o
que fizeram. O que aconteceu abalou tanto as meninas como a gente. Eles
maltrataram muito e não precisava disso. Acho pouco essa pena de três anos, mas
a Justiça é quem sabe. Fico pensando, quando esses meninos saírem e voltarem
para Castelo. Entrego o destino deles a Deus - falou a mãe.
A família de D.N.S.R. ainda está na casa de amigos
em Teresina e disse que aos poucos está tentando retomar a vida. A mãe disse
que a filha ainda não sabe da morte de Danielly Rodrigues e conta que, algumas
vezes, a menina pergunta pela amiga.
- Não temos como agradecer a esses
amigos que estão nos dando abrigo, mas temos que voltar para casa, pois aqui
não temos emprego e, na nossa cidade, temos nossas coisas. Minha filha só
lembra que subiu no morro e lá tinham quatro ‘moleques’. Não deixamos ela
assistir televisão. Apenas desenhos infantis, e ela só fala em voltar para a
igreja e estudar, porque está perdendo aulas. Ainda hoje, minha menina não sabe
da morte da amiga, e os psicólogos estão preparando ela para dar a notícia -
contou a mãe.
A jovem ainda tem dificuldades na fala e para
caminhar sozinha. No próximo dia 16, ela completará 18 anos de idade.
- A gente sonhava comemorar o aniversário dela de
outro jeito, mas isso não importa. O que vale é que minha filha está viva.
Vamos voltar para Castelo, mas queremos que ela estude aqui em Teresina. Agora
é pedir forças a Deus.
Fonte: oglobo.com.br
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