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sexta-feira, 26 de junho de 2015

Ministro defende Lula e cita Jesus Cristo para chamar atenção sobre ‘tentações humanas’


Patrus Ananias - Ministro do Desenvolvimento Agrário

RIO e SÃO PAULO — O ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, fez coro na noite desta quinta-feira em São Paulo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que defendeu esta semana uma revolução e renovação no PT. Após encontro com movimentos sociais do campo, do qual também participou o ministro Miguel Rossetto, da Secretaria Geral da Presidência da República, Patrus comparou o momento necessário de mudança na legenda à encíclica divulgada na última semana pelo papa Francisco, conclamando por renovação da Igreja. 

— O Partido dos Trabalhadores tem um saldo muito positivo. Temos uma história de conquistas no Brasil e tenho muito orgulho dos meus 35 anos de militância. Eu penso que agora, 35 anos depois, precisamos rever, sim. Acho um momento de reflexão. Todos nós seres humanos e nossas instituições precisamos permanentemente sacudir a poeira — ressaltou o ministro do Desenvolvimento Agrário.
Ao dizer que não faria comentários sobre as declarações de Lula, por respeito e amizade ao ex-presidente, Patrus citou Jesus Cristo numa reflexão sobre poder e dinheiro.

— O PT tem uma militância histórica, bonita, generosa. Nós sabemos que o poder, principalmente o poder político, o poder econômico, os dois juntos são perigosos. Jesus de Nazaré, que sabia muito bem das coisas, chamou a atenção para isso. As duas grandes tentações humanas estão no dinheiro, no poder econômico, e também no poder político quando ele disse: "quem quiser ser o maior, que seja o menor e o servo de todos". Uma instituição milenar como a Igreja, já que estamos falando de Jesus, de dois mil anos, um homem como o papa Francisco está dando um novo alento e novos horizontes a essa instituição.

Patrus Ananias e Miguel Rossetto receberam uma pauta conjunta de reivindicações de movimentos sociais do campo, entre eles o MST, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e a Federação da Agricultura Familiar. Deles, os ministros ouviram críticas em relação à política de reforma agrária e à política energética. Os movimentos querem que ações do governo federal contemplem, por exemplo, comunidades atingidas por barragens.
— É inimaginável um governo popular sem um plano de reforma agrária. E pra fazer reforma agrária não tem outra alternativa: é preciso enfrentar o latifúndio, e se ataca o latifúndio desapropriando terra. Temos áreas aqui em São Paulo de acampados de 13, 14 anos e ainda não foi resolvido —disse o coordenador nacional do MST, Gilmar Mauro.
Os movimentos sociais ainda defenderam uma política energética popular, criticaram o alto preço da conta de energia e reivindicaram uma maior oferta de crédito financeiro para agricultura familiar e famílias assentadas, afetada pela crise econômica.

— Nós não podemos aceitar que o Brasil, um país que tem o jeito mais barato de gerar energia, que é através das hidrelétricas, ainda tem um povo que é atingido por elas, jogado para a marginalidade. O trabalhador paga hoje uma das contas mais caras de energia do mundo — afirmou Ubiratan Dias, líder do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

Diante das reivindicações, os ministros prometeram empenho e trouxeram propostas que foram apresentadas aos movimentos durante a plenária. Patrus Ananias relembrou o anúncio do Plano Safra 2015/2016, anunciado pela presidente Dilma Rousseff na última segunda-feira.
— Estabelecemos o maior volume de credito da história. Mesmo no contexto das dificuldades econômicas que estamos vivendo nós teremos 28 bilhões destinados ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura familiar.
O ministro também prometeu trabalhar para levar aos assentamentos o que classificou como "benefícios fundamentais" como educação, cultura e inclusão digital. Patrus também relembrou a Encíclica do Papa Francisco, publicada na semana passada, que trata da questão ambiental e social.

— No momento em que estamos vivendo, o do crescimento das forças conservadoras, no momento em que os movimentos sociais, as pessoas que querem o que nós queremos, esse documento deve ser colocado no bolso pra gente enfrentar a disputa com as forças conservadoras.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, também criticou o conservadorismo em seu discurso.

— A nossa democracia é uma conquista do povo brasileiro e neste momento em que alguns querem menos democracia e menos direitos sociais, nós estamos aqui para dizer: nós queremos mais democracia e mais direitos sociais para o povo brasileiro.

Rossetto apresentou propostas do governo federal para beneficiar os movimentos sociais como o Programa Minha Casa Minha Vida III Rural.
— Nós, através da presidenta Dilma, reafirmamos compromissos com vocês nesta agenda. Nunca existiu um programa habitacional para homens e mulheres que moram no campo. O governo já entregou 160 mil moradias dignas pro povo do campo. Agora queremos ampliar o programa e beneficiar mais de 3 milhões de brasileiros.

Miguel Rossetto também saiu em defesa da Petrobras e rechaçou o projeto do senador José Serra (PSDB) a respeito do pré-sal.
— Temos que dizer não aos projetos como o do senador José Serra que neste momento sonha em retirar a Petrobras do pré-sal. O pré-sal é do povo brasileiro e da Petrobras.

O ministro da Secretaria Geral da Presidência também fez indiretamente críticas aos favoráveis à redução da maioridade penal.

— Também estamos juntos no compromisso com a juventude deste país. Quando alguém diz que o destino de uma parcela da nossa juventude, vítima do sistema de exclusão e opressão, é a cadeia, nós queremos dizer: o destino da nossa juventude é a escola. Não à cadeia e sim à escola.

PEPE VARGAS: LULA TEM AS MÃOS LIMPAS

O ministro da Secretaria dos Direitos Humanos, Pepe Vargas, afirmou na noite desta quinta-feira que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um homem de mãos limpas e honesto. Vargas elogiou o ex-presidente quando foi perguntado sobre a notícia de que um consultor entrou com um habeas corpus preventivo para Lula nos autos da operação Lava-Jato.

— O presidente Lula é uma pessoa de mãos limpas. É um cidadão decente, honrado e honesto. Qualquer tentativa de fazer ilação dessa natureza é uma evidente má-fé - disse o ministro no Rio, onde participa de evento do grupo "Amanhecer contra a redução".
Vargas evitou polêmica ao comentar o documento elaborado por sua corrente dentro do PT, a Democracia Socialista, com críticas à política econômica ao governo da presidente Dilma Rousseff:

— Entendemos que a política econômica que a presidente Dilma está conduzindo é uma política que visa a preservar um situação de crescimento econômico. Estamos fazendo um ajuste fiscal de curto prazo. Queremos retomar o crescimento o mais rápido possível.

O ministro também não comentou a operação da PF desta quinta-feira, que teve como alvos o governador de Minas, Fernando Pimentel, e a agência de publicidade que presta serviços para o PT.

— Não tenho conhecimento (da operação) — afirmou.

No evento contra a redução da maioridade penal, Vargas disse que, caso o Congresso, aprove a maioridade penal de 16 anos, o governo vai ao Supremo Tribunal Federal.


— A nossa proposta é que não seja votada a redução da maioridade penal. Queremos abrir um debate de melhoria do sistema socioeducativo — afirmou o ministro.

Fonte: oglobo

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