Patrus Ananias - Ministro do Desenvolvimento Agrário |
RIO e SÃO PAULO — O ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, fez
coro na noite desta quinta-feira em São Paulo com o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, que defendeu esta semana uma revolução e renovação no PT. Após
encontro com movimentos sociais do campo, do qual também participou o ministro
Miguel Rossetto, da Secretaria Geral da Presidência da República, Patrus
comparou o momento necessário de mudança na legenda à encíclica divulgada na
última semana pelo papa Francisco, conclamando por renovação da Igreja.
— O Partido dos Trabalhadores tem um saldo muito
positivo. Temos uma história de conquistas no Brasil e tenho muito orgulho dos
meus 35 anos de militância. Eu penso que agora, 35 anos depois, precisamos
rever, sim. Acho um momento de reflexão. Todos nós seres humanos e nossas
instituições precisamos permanentemente sacudir a poeira — ressaltou o ministro
do Desenvolvimento Agrário.
Ao dizer que não faria comentários sobre as
declarações de Lula, por respeito e amizade ao ex-presidente, Patrus citou
Jesus Cristo numa reflexão sobre poder e dinheiro.
— O PT tem uma militância histórica, bonita,
generosa. Nós sabemos que o poder, principalmente o poder político, o poder
econômico, os dois juntos são perigosos. Jesus de Nazaré, que sabia muito bem
das coisas, chamou a atenção para isso. As duas grandes tentações humanas estão
no dinheiro, no poder econômico, e também no poder político quando ele disse:
"quem quiser ser o maior, que seja o menor e o servo de todos". Uma
instituição milenar como a Igreja, já que estamos falando de Jesus, de dois mil
anos, um homem como o papa Francisco está dando um novo alento e novos
horizontes a essa instituição.
— É inimaginável um governo popular sem um plano de
reforma agrária. E pra fazer reforma agrária não tem outra alternativa: é
preciso enfrentar o latifúndio, e se ataca o latifúndio desapropriando terra.
Temos áreas aqui em São Paulo de acampados de 13, 14 anos e ainda não foi
resolvido —disse o coordenador nacional do MST, Gilmar Mauro.
Os movimentos sociais ainda defenderam uma política
energética popular, criticaram o alto preço da conta de energia e reivindicaram
uma maior oferta de crédito financeiro para agricultura familiar e famílias
assentadas, afetada pela crise econômica.
Diante das reivindicações, os ministros prometeram
empenho e trouxeram propostas que foram apresentadas aos movimentos durante a
plenária. Patrus Ananias relembrou o anúncio do Plano Safra 2015/2016,
anunciado pela presidente Dilma Rousseff na última segunda-feira.
— Estabelecemos o maior volume de credito da
história. Mesmo no contexto das dificuldades econômicas que estamos vivendo nós
teremos 28 bilhões destinados ao Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura familiar.
O ministro também prometeu trabalhar para levar aos
assentamentos o que classificou como "benefícios fundamentais" como
educação, cultura e inclusão digital. Patrus também relembrou a Encíclica do
Papa Francisco, publicada na semana passada, que trata da questão ambiental e
social.
— No momento em que estamos vivendo, o do
crescimento das forças conservadoras, no momento em que os movimentos sociais,
as pessoas que querem o que nós queremos, esse documento deve ser colocado no
bolso pra gente enfrentar a disputa com as forças conservadoras.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel
Rossetto, também criticou o conservadorismo em seu discurso.
— A nossa democracia é uma conquista do povo
brasileiro e neste momento em que alguns querem menos democracia e menos
direitos sociais, nós estamos aqui para dizer: nós queremos mais democracia e
mais direitos sociais para o povo brasileiro.
Rossetto apresentou propostas do governo federal
para beneficiar os movimentos sociais como o Programa Minha Casa Minha Vida III
Rural.
— Nós, através da presidenta Dilma, reafirmamos
compromissos com vocês nesta agenda. Nunca existiu um programa habitacional
para homens e mulheres que moram no campo. O governo já entregou 160 mil
moradias dignas pro povo do campo. Agora queremos ampliar o programa e
beneficiar mais de 3 milhões de brasileiros.
Miguel Rossetto também saiu em defesa da Petrobras
e rechaçou o projeto do senador José Serra (PSDB) a respeito do pré-sal.
— Temos que dizer não aos projetos como o do
senador José Serra que neste momento sonha em retirar a Petrobras do pré-sal. O
pré-sal é do povo brasileiro e da Petrobras.
O ministro da Secretaria Geral da Presidência
também fez indiretamente críticas aos favoráveis à redução da maioridade penal.
— Também estamos juntos no compromisso com a
juventude deste país. Quando alguém diz que o destino de uma parcela da nossa
juventude, vítima do sistema de exclusão e opressão, é a cadeia, nós queremos
dizer: o destino da nossa juventude é a escola. Não à cadeia e sim à escola.
PEPE VARGAS: LULA TEM AS MÃOS LIMPAS
O ministro da Secretaria dos Direitos Humanos, Pepe
Vargas, afirmou na noite desta quinta-feira que o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva é um homem de mãos limpas e honesto. Vargas elogiou o
ex-presidente quando foi perguntado sobre a notícia de que um consultor entrou
com um habeas corpus preventivo para Lula nos autos da operação Lava-Jato.
— O presidente Lula é uma pessoa de mãos limpas. É
um cidadão decente, honrado e honesto. Qualquer tentativa de fazer ilação dessa
natureza é uma evidente má-fé - disse o ministro no Rio, onde participa de
evento do grupo "Amanhecer contra a redução".
Vargas evitou polêmica ao comentar o documento
elaborado por sua corrente dentro do PT, a Democracia Socialista, com críticas
à política econômica ao governo da presidente Dilma Rousseff:
— Entendemos que a política econômica que a
presidente Dilma está conduzindo é uma política que visa a preservar um
situação de crescimento econômico. Estamos fazendo um ajuste fiscal de curto
prazo. Queremos retomar o crescimento o mais rápido possível.
O ministro também não comentou a operação da PF
desta quinta-feira, que teve como alvos o governador de Minas, Fernando
Pimentel, e a agência de publicidade que presta serviços para o PT.
—
Não tenho conhecimento (da operação) — afirmou.
No evento contra a redução da maioridade penal, Vargas disse que, caso o Congresso, aprove a maioridade penal de 16 anos, o governo vai ao Supremo Tribunal Federal.
No evento contra a redução da maioridade penal, Vargas disse que, caso o Congresso, aprove a maioridade penal de 16 anos, o governo vai ao Supremo Tribunal Federal.
— A nossa proposta é que não seja votada a redução
da maioridade penal. Queremos abrir um debate de melhoria do sistema
socioeducativo — afirmou o ministro.
Fonte: oglobo
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